top of page

Mi abuelita cubana

Uma das mais belas experiências que Cuba nos proporciona é a hospedagem em casas de pessoas comuns dispostas a dividir suas rotinas com turistas. Foi buscando essa vivência que, após muita pesquisa, cheguei até a casa da Doña Clara. Li um relato de uma turista falando sobre sua receptividade e me apaixonei por sua aparência terna. Mal sabia eu que tempos depois ela se tornaria, segundo as palavras dela mesma, a minha abuelita cubana! Mas, voltemos ao início…

Senhora sentada
Que saudade desse sorriso e do abraço quentinho...

Conheci Dona Clara em 2009, ano da minha primeira ida a Cuba. Jovem, recém formada em Jornalismo, desembarquei na ilha cheia de curiosidades e louca para ouvir o máximo de histórias possíveis. Para minha sorte, Clarita adorava conversar! Havia trabalhado como Secretária Executiva durante toda sua vida e tinha vivenciado momentos de muita importância histórica. E foi em uma dessas conversas que ela me falou sobre a chegada de Fidel, Che e o exército revolucionário à Havana após o triunfo da Revolução Cubana, em 1 de janeiro de 1959. “Lembro como se fosse hoje. O país todo parou. Todos queriam ver os heróis revolucionários. Principalmente a Che e Fidel. Che era um homem muito bonito e chamava muita atenção. Era também muito carinhoso. Apesar de estar cansado depois de toda luta, fez questão de atender a todos os que esperavam ansiosos para apertarem suas mãos. Ele disse que mesmo que tivesse que ficar mais alguns dias sem dormir, não permitiria que ninguém fosse embora dali sem conhecê-lo afinal, as pessoas estavam há horas esperando por ele”. E foi assim que, pela primeira vez, tive contato com as histórias cubanas. Dona Clara também me indicou livros, como “La historia me absolverá” e “El diario de Che en Bolivia”. Ambos escritos por Fidel e Che, respectivamente, com histórias das guerrilhas, pensamentos e sensações que traduziram em palavras as vivências de dois homens comuns que se tornaram ícones da Revolução Cubana. Foi também da boca dela que ouvi a história de Fidel Castro e de como ele foi de estudante a revolucionário e de guerrilheiro a líder máximo. Assim como as mudanças pelas quais passou Cuba e as dificuldades dos anos pré e pós Revolução Cubana. Foram muitas as vezes em que sentei na sacada e passei horas e horas ouvindo as histórias de Clarita! O entusiasmo com que ela falava fez com que eu me me apaixonasse ainda mais por Cuba. Em 2016 minha abuelita cubana nos deixou, mas suas histórias e sua paixão pela vida, característica aliás muito marcante no povo cubano, eu levarei para sempre junto comigo! Texto e foto: Raquel Verardi Gehl


bottom of page